O vírus zika virou celebridade internacional depois que o governo brasileiro decretou ser ele o "agente causal" de microcefalia congênita. É a primeira vez que uma causalidade epidemiológica é afirmada por decreto, deixando os virologistas e epidemiologistas perplexos. Entretanto, os importantíssimos dados epidemiológicos e demográficos que precisamos para investigar mais a fundo a declaração do Ministério da Saúde aparentemente desapareceram. Onde estão os dados que sugerem uma forte associação entre vírus zika e microcefalia? Notícias nos chegam que nas epidemias de zika na Colômbia, El Salvador, Cabo Verde e na própria Polinésia não se observou microcefalia em bebês de grávidas infectadas. A conferir.
Outra "novidade" é a de certos pesquisadores compararem o vírus zika ao da encefalite japonesa (ou venezuelana, ou de St. Louis, ou West Nile etc.). Ora, não há evidências de encefalite por zika. É preciso não confundir as coisas. Vejamos:
1) Vírus agentes de encefalites são aqueles que provocam encefalite ou meningoencefalite em uma parcela dos infectados, deixando uma parte desta com sequelas neurológicas (paralisia, cegueira, etc.);
2) O síndrome de Guillain-Barré, que parece estar associado à infecção por zika (veja meu post "É o vírus zika neurotrópico?"), não é encefalite, mas uma inflamação na medula. Não se pode classificá-lo como um "vírus causador de encefalite" ou compará-lo com encefalite japonesa ou qualquer outra.
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