Uma epidemia
de febre amarela, a mais letal das arboviroses conhecidas, reapareceu após 30
anos de silêncio epidemiológico em Angola e matou 51 pessoas entre 241 casos
suspeitos (21,2%). Em Luanda, capital do país, subúrbio de Viana, notificou-se
29 mortes entre 92 casos (31,5%).
Considerando
que a febre amarela urbana é transmitida pelo nosso velho conhecido Aedes aegypti e A. albopictus e que o
trânsito de pessoas de Angola para o Brasil e vice-versa é muito intenso, temos
a probabilidade de importação desse vírus entre nós. Temos tudo aqui que
favorecerá a entrada desse vírus: o vetor, a suscetibilidade da população, o
tráfego intenso e renovado entre os dois países.
Se fizermos uma projeção teórica para 1 milhão de habitantes suscetíveis ao vírus, teríamos, com essa mortalidade, uma epidemia de febre amarela com 210 mil vítimas fatais.
Isto significa colapso social, econômico e político, e a demanda por assistência
médica intensiva estaria além da demanda de todos os hospitais juntos (talvez 2
mil leitos disponíveis em toda cidade para cuidados intensivos, considerando uma população total de 6 milhões).
A febre amarela tem vacina, e seria o caso de vacinar a população exposta no caso de detecção de casos entre nós (haverá quantidade disponível?). Vigilância epidemiológica é agora necessária diante desse surto em um país com o qual mantemos intensa relação. Já tivemos a entrada da dengue e mais recentemente dos vírus africanos zika e chikungunya. Tudo é possível num mundo globalizado. O que atrasa e prejudica a nossa saúde pública são os cortes de verbas motivados, antes de tudo, por ideologias politicas, conjuntamente com o afastamento dos técnicos e cientistas dos postos de decisões do Ministério da Saúde, colocando em seu lugar políticos aliados sem nenhuma competência técnico científica. Não adianta pensar que Deus é brasileiro, ele já mostrou que não é.
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