domingo, 14 de fevereiro de 2016

Evidências epidemiológicas de neutropismo do vírus zika

Em 2013 o arquipélago da Polinésia foi visitado por uma epidemia dupla de dengue (sorotipos 1 e 3) e zika, afetando a maioria de suas ilhas. Estimou-se em cerca de 23 mil os casos de dengue e 70 mil de zika, e desses últimos 19 mil pacientes procuraram os serviços de assistência médica. A presença de zika foi confirmada por RT-PCR em uma fração dos infectados. Dos casos diagnosticados como zika, 47 desenvolveram complicações, sendo 43 neurológicas:
·         27 casos de síndrome de Guillain-Barré, a maioria em homens de meia idade. Desses casos, 10 necessitaram de hospitalização, dos quais 7 precisaram de respiração artificial;
·         9 casos de encefalite ou meningoencefalite;
·         7 casos de complicações diversas: parestesia, paralisia facial, hematoma subdural;

Outros 4 casos desenvolveram púrpura trombocitopênica autoimune.

Esses fatos lançam uma primeira suspeita epidemiológica de neurotropismo em populações humanas. Microcefalia não foi detectada nesse estudo, mas fica claro talvez em função do baixo percentual de complicações neurológicas essa ocorrência tenha sido rara, e, portanto, abaixo da detecção de agravos em um segmento (mulheres grávidas) da população.

O síndrome de Guillain-Barré representou a maioria das complicações e é preciso estar atento. Aqui no Brasil correu a notícia de uma morte por complicações respiratórias que foi atribuída ao vírus zika (sic). Entretanto, é possível que esteja havendo um erro diagnóstico e esse caso letal tenha sido, possivelmente, uma forma grave de Guillain-Barré.

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