sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

As Epidemias de Crack e Violência

A grande vantagem de se estudar epidemiologia, e mais ainda a modelagem de propagação de doenças na população, é que ela aborda um processo universal: a propagação de informações.

Classifico as epidemias em tres categorias. Epidemias que se dão seja pela infecção por agentes que se replicam no hospedeiro e passa para outro estabelecendo cadeias de propagação, como os vírus biológicos e os vírus de computador; epidemias por agentes que não se replicam por si mas transformam elementos normais em semelhantes, que eu chamo de "propagação por conversão"; e epidemias por uma alteração de comportamente que pode ser propagável, como é o caso de um boato (fofocas, falsas notícias), uma moda (vírus de mercado), e aqui incluímos as drogas.

A disseminação de um agente epidêmico pode ser dar por causas naturais, intencionais ou acidentais.

No Brasil, além da dengue e de outros agravos preocupantes, temos também duas epidemias graves na terceira categoria da classificação acima: as epidemias do crack e da violência entre os jovens. Dentre outras coisas, a epidemia de violência, a continuar no nível em que está, afetará dentro de poucas décadas a estrutura da população, em relação à sua distribuição etária e fertilidade. Recordemos que esta epidemia em particular, está desequilibrando a proporção de jovens do sexo masculino (>90%) em certos setores da sociedade com um perfil econômico e cultural típicos, que talvez tenham influência significativa neste estado de coisas, assim como o clima e a imunidade da população tem como determinativos das epidemais infecciosas.

Vamos prosseguir neste assunto em breve.

4 comentários:

  1. A meu ver o Professor Portela previu através de seu vasto conhecimento,não somente epidemiológico,o que vem ocorrendo na terceira categoria especificada e de forma assustadora.Basta atentar para a data do artigo.Professor,aceitaria um esclarecimento:a praga da corrupção se enquadra em que modelo?

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  2. A pergunta é curiosa. Eu diria que é um processo endêmico, como uma parasitose que espolia a vitalidade de uma população.
    Portela

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  3. A corrupção Poderia ser tambem uma remanscência do comportamento predatório?
    Márcia Gonçalves

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  4. Todos os processos epidêmicos (e endêmicos) são regidos pelo modelo predador-presa. As equações dinâmicas das epidemias nada mais são que uma adaptação desse modelo universal.

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