Os leitores deste blog
sabem que vínhamos prevendo que a próxima pandemia seria possivelmente de
origem aviária. Fizemos isso baseado na persistência do vírus A H5N1 em
epidemias aviárias emergindo em 2003. Entretanto, a alta letalidade para aves
e, incidentalmente para o homem em contato próximo e habitual com aves infectadas,
associada à uma ineficiente transmissibilidade para humanos, inviabilizavam por
ora uma pandemia. De fato, assumi que um evento explosivo deste vírus só
aconteceria se mutações aumentando a eficiência de transmissão entre humanos e
ao mesmo tempo reduzindo a mortalidade para algo próximo de 3%, concorressem para a seleção de uma nova variante da influenza.
Entretanto, fazer previsões
sobre vírus é sempre temerário dado que esses eventos são governados pela
incerteza e acaso. Mas agora surgiu inesperadamente a linhagem aviaria A H7N9
que já infectou 120 pessoas na China e matou 30 delas no momento em que escrevo
essas linhas. Um caso foi registrado em Taiwan, um homem que retornara de uma
viagem à China. Não se sabe ainda aonde surgiu essa nova linhagem, mas é certo
que emergiu da associação entre patos e frangos domesticados e aves migratórias,
uma combinação epidemiológica eficiente. Contudo, em março deste ano, milhares de porcos e
aves mortos foram subitamente vistos flutuando em rios na China, dando
o alerta para a atividade de um possível vírus da influenza.
Observa-se que o típico
ciclo de transmissão da influenza A pandêmica parece tender a se consolidar:
emergência de uma combinação genética em aves com antigenic shit dos antígenos
H e N, então a transmissão para outras aves domésticas, e daí para porcos,
havendo uma primeira adaptação, e de ambos para o homem.
Veja o artigo de YuChen et al (2013) no The Lancet.
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