quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Secretário do Ministério da Saúde considerou erro no combate à gripe suína em 2009



O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, admitiu que o Brasil errou na política de combate à gripe suína, noticiou o jornal O Estado de São Paulo em sua edição de 04/09/2012. Nós já havíamos alertado o ministro em nosso blog há um tempo atrás sobre essa questão, onde defendemos a liberação do Tamiflu para reduzir a mortalidade. Segundo o jornal, o ministro teria declarado: "Em vez de usarmos uma estratégia que já se mostrava eficaz (o uso do antiviral oseltamivir), ficamos discutindo quem vacinar, se vamos vacinar jovens ou não. A gente não aprendeu com os ensinamentos de 2009", afirmou, referindo-se ao ano da pandemia. Ele considerou que a excessiva importância dada à vacinação foi "debate enviesado" Comparando com o Chile, cujos invernos são muito frios, e que liberou o oseltamivir, a taxa de mortalidade ficou em 0,8 por 100 mil habitantes, enquanto no Brasil, onde o antiviral foi d uso restrito, a taxa de mortalidade foi de 3,2 por 100 mil habitantes, disse o secretário na reportagem. “O Chile perdeu uma grávida; o Brasil, 200", afirmou ainda. Uma revisão feita pelo Ministério da Saúde nos prontuários das pessoas que morreram em decorrência da gripe suína em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul mostrou que a grande maioria das vítimas "ou não teve acesso ou teve acesso atrasado" ao antiviral oseltamivir, disse o secretário. O Ministério da Saúde recomenda agora que não se espere pelo resultado de exame que aponta a existência ou não do vírus H1N1 para iniciar o tratamento. Qualquer paciente com síndrome gripal - tosse ou dor de garganta, com febre de 38°C – deve ter acesso ao remédio. O secretário Jarbas Barbosa declarou que "o ministério distribuiu 1 milhão de tratamentos, 10 milhões de cápsulas. E orientou a descentralizar a medicação em postos, UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento), nas secretarias municipais. Se o paciente tiver receita médica, mesmo que da rede privada, o remédio tem de ser entregue", afirmou Barbosa.

Ainda na mesma reportagem o coordenador de Programas e Projetos da Fundação Oswaldo Cruz, em Brasília, José Cerbino, disse que o acesso ao oseltamivir "é fundamental". Ele defendeu a tese Pandemia de Influenza no Brasil: Epidemiologia, Tratamento e Prevenção da Influenza A, no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Em sua pesquisa, identificou a eficácia do oseltamivir no tratamento da gripe suína. "Nos pacientes internados no Rio, o medicamento reduziu em até 60% as mortes, mesmo quando utilizado até o quarto dia. A gente tinha dúvida de quanto tempo depois do início dos sintomas o oseltamivir se mostrava eficaz. A recomendação era de até 48 horas. Na pandemia, esse período foi alargado e o remédio foi iniciado até quatro dias depois do início dos sintomas, com eficácia”.

Renovamos aqui a nossa opinião anteriormente enfatizada e que também agora é a do secretário de vigilância em saúde: o Tamiflu deve ser vendido também nas farmácias, pois a saúde é um direito do cidadão e não deve ser limitada por decisões autoritárias, do contrário, a resposta será uma elevação das taxas de mortalidade, como bem observou o secretário na sua avaliação da gripe suína de 2009.   

O médico é quem deve decidir, e o paciente deve ter ampla liberdade de buscar o seu tratamento aonde ele quiser. Nos países como Japão. EUA e na Europa, o Tamiflu é acessível à população e a mortalidade foi mínima.

Referências: 

O Estadão

Gazeta do Povo

Jornal do Comércio

UOL Notícias

Infecções.com