Microbiologistas da NASA fizeram uma descoberta impactante no lago Mono, perto do Yosemite National Park, na Califórnia, uma região inóspida rica em arsênico. No fundo deste lago prolifera uma halobactéria (família Halomonadaceae, do grupo das gamma bactérias) codificada como CFAJ-1 que incorpora arsênico no lugar de fósforo no seu DNA, e igualmente substitui o fósforo do equivalente às fosfoproteínas e fosfolipídeos (elemento básico das membranas). Certamente elas podem também usar arsênico no lugar do fósforo nas moléculas de ATP, e esperamos que isto se confirme.
Esta possibilidade já havia sido especulado pelo prof. Paul Davis, da Universidade do Arizona, e agora, a astrobióloga Felisa Wolfe-Simon e colaboradores, fizeram a descoberta histórica de uma forma de vida capaz de substituir o fósforo orgânico por arsênico.
De fato, a CFAJ-1 cresce bem na presença de fósforo, porém quando este elemento é escasso e o arsênico abundante, ela usa este último incorporando-o nas moléculas de DNA e RNA, proteínas e lipídeos das membranas. O arsênico é tóxico para as células justamente por ser incorporado no lugar do fósforo (as células não reconhecem a diferença), porém, como forma compostos muito instáveis em solução aquosa, as biomoléculas que o incorporam se desintegram. Não é o caso da CFAJ-1, que sobrevive com suas biomoléculas arsenicadas.
Em outras palavras, o paradigma de vida construída a partir dos elementos C-H-O-N-S-P revelou-se falho, e isto significa que vida alternativa é possível, o que aumenta o interesse pela pesquisa em formas de vida extraterrestre.
A CFAJ-1 passa a integrar o grupo das bactérias conhecidas como “extremófilas”, formas de vida que vive em ambientes extremos: altíssimas ou baixíssimas temperaturas ou ambiente muito ácido. Estes seres mostram que vida é possível nos ambientes e lugares mais estranhos e inóspitos do universo. A CFAJ-1 nos ensina que há outros Gênesis, mas qualquer que seja todos convergem para uma só coisa: a inevitabilidade da vida.